As palavras que compartilhei contigo foram mais do que palavras,
Foram suspiros de intenções mitigadas pela erosão da realidade,
Um quebra-cabeça da fantasia adormecida em páginas de um diário,
Reservas de um sentimento que hibernou por falta de alimento.Tua doação provoca em meu despertar a vontade de cantar,
Enaltecendo discretamente o que num soslaio percebe-se,
Distraindo-me do excesso, concentrando-me no detalhe,
A contrariedade do porto da razão onde ancorei meu barco.Quanto mais absurdo, tanto menos necessária uma justificativa,
Quando ainda presente teu perfume em meu corpo se faz,
Enquanto o eco de um grito distante insiste em retornar,
Lembrando ao coração que nunca é tarde para amar.Esqueço, a cada momento novo, da rica lembrança anterior,
Insistindo para encontrar, nesta realidade, a maneira de desviar,
Negando-me ao que me transborda deste sentimento bom,
Contradizendo as próprias palavras no sorriso d’alma exposto.E aqui deposito palavras, não mais que palavras,
Onde o silêncio de uma sintonia harmoniosa persiste,
Traduzindo nas linhas invisíveis que os símbolos não traduzem,
Entregando-me à única correnteza que permito me arrastar.