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Abandono

16 abr

Depois que lhe mordeu a mão foi abandonado. Ausente ficou; sem domicílio, sem prato. Do amor prometido restou um gemido, a distância fazendo esquecer o que não foi cumprido. Ficou num canto vazio numa noite de frio, a aprender, às custas do sofrer, que os sentimentos também têm suas estações, seus segredos, surpresas e decepções. Querendo entender do desengano e do abandono, enquanto o presente cobrava seus planos não mais necessários. As notas da agenda que marcavam datas a não ser comemoradas de dias que não seriam vividos como esperado. A esperança abandonou o lugar, cansou de esperar. Tornou-se uma confusão de tempos, o passado arrastando a atenção para as memórias, o futuro cobrando as expectativas ilusórias, o presente lembrando a fome pungente da falta inerente daquilo sem o qual a gente deixa de ser gente.

Desistiu de dizer, disse que iria pensar, e no papel a amarelar ficaram as notas daquela música que nunca mais pôde cantar.

 
3 Comentários

Publicado por em 16 abril, 2013 em General

 

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3 Respostas para “Abandono

  1. F.D.M

    12 maio, 2013 at 5:00 PM

    Uma pedra atirada em um lago some, mas deixa ondas.
    Assim é com nossas atitudes, elas ressoam no tempo. Indo e vindo, sabe-se lá por quanto tempo.
    (obs.: felizmente ou infelizmente as pedras não voltam)

    Abraços,

     
  2. Aline Costa

    7 setembro, 2013 at 12:14 PM

    lindo!

     
  3. Rachel

    18 janeiro, 2020 at 3:05 PM

    Você agora é meu escritor favorito.

     

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